Os coelhos possuem
orelhas e
pernas compridas - embora menores do que as das
lebres verdadeiras - têm a cauda curta e não sobressai como corredor. Os dois gêneros de coelhos mais representativos são o
Oryctolagus, a que pertence o coelho europeu comum, e o
Sylvilagus, com muitas espécies
norte-americanas e o
tapiti ou coelho-do-mato brasileiro. A maior parte de suas espécies costuma abrir galerias subterrâneas, onde diversas gerações se sucedem nos
ninhos. Seu
corpo também é sempre menor que o das
lebres.
[editar]Visão geral
O coelho é um
animal peludo de longas
orelhas e
rabo curto e fofo. Os coelhos não andam ou correm como maioria dos outros animais de quatro
pernas. Um coelho move-se aos
saltos das
pernas traseiras, que são mais longas e fortes que as
pernas dianteiras. O animal também utiliza as
pernas dianteiras quando se move. O coelho usa as
pernas dianteiras como usamos as
mãos para saltar de quatro. Quando perseguido por um inimigo, o coelho pode alcançar a
velocidade de 100 km/h. Muitas
crianças têm coelhos como animais de estimação.
Lojas de animais têm coelhos domesticados, prontos para serem criados como
animais de estimação.
Por milhares de
anos, os
homens caçaram coelhos pela
carne e por sua
pele. Hoje, a maioria dos coelhos usados como
alimento e para aproveitamento de
pele são criados pelo
homem, mas os
caçadores continuam a matar coelhos selvagens. Muitos
povos apreciam a
carne de coelho, que é vendida fresca ou congelada. As
peles são usadas para fazer
casacos ou como enfeite para
casacos de
fazenda ou
chapéus. As
peles podem ser cortadas e tingidas para se parecerem com as as de
bisão,
castor ou algumas outras
peles mais valiosas. Uma fazenda chamada "feltro" pode ser fabricada com os
pelos de coelho compactados com outras espécies de
pelos. O
pelo longo dos coelhos angorás é torcido em fios macios e
quentes usados em suéteres e outros agasalhos.
Coelhos e
lebres são muito semelhantes e muitas vezes confundidos. Algumas vezes são designados incorretamente. Em sua maioria, os coelhos são menores que as
lebres e têm
orelhasmais curtas. Os
animais podem ser reconhecidos por ocasião do
nascimento. Um coelho recém-nascido é cego, não tem
pelos e quase não pode mover-se. Uma
lebre recém-nascida enxerga, tem uma
pelagem bonita e pode saltar algumas horas depois de nascida. Além disso, os
ossos do
crânio do coelho têm tamanho e forma diferentes dos do crânio da
lebre.
As línguas pré-
romanas que existiam na Península Ibérica originaram o termo
latino cuniculu que, por sua vez, deu origem ao termo "coelho"
[3].
[editar]Origens e Evolução
Não há dúvidas ou controvérsias de que todos os coelhos domésticos descendem do coelho selvagem europeu (
Lepus cuniculus). Basta fazermos uma comparação e veremos que não há diferenças apreciáveis entre eles, tanto nas suas formas,
fisiologia ou
hereditariedade, exceto quanto ao carater calmo do doméstico e o arisco do selvagem. É fato conhecido que, se soltarmos
coelhos domésticos nos
campos, eles logo se tornarão selvagens, enquanto que, se prendermos alguns
filhotes de coelhos selvagens, eles ficarão mansos e fáceis de domesticar, mas conservando uma grande tendência ao retorno à
vida selvagem. Nenhum outro animal, com exceção, talvez, do
cachorro, sofreu, durante seu processo de domesticação, tantas transformações como os coelhos.
[4]A maioria dos autores considera o coelho como originário da
península Ibérica, da
Espanha, embora outros jurguem o seu berço a
África e ainda outros, o
sul da Europa. Os que consideram a África o berço do coelho, acham que daí é que ele passou para a
Europa. Existem, espalhados nas
regiões montanhosas da
Arábia,
Síria e
Palestina, um
animal muito parecido com o coelho e conhecido por "sphan", o que provavelmente levou os
Fenícios a denominarem "sphania", que significa costa dos coelhos, a região em que desembarcaram, hoje Espanha, pois aí encontraram grandes quantidades desses animais que eles confundiram com aquele roedor do
Oriente. Também de "Cuniculosa" foi chamada a
Hispânia, por
Estrabão, o grande
geógrafo grego, o qual menciona que os coelhos ali se multiplicavam tão rapidamente que se tornaram um perigo para os seus habitantes.
[5]Na
Inglaterra, segundo Brehn, o coelho foi introduzido no ano de
1309 por entusiastas da caça. Os antigos egípcios,
gregos,
hindus e
chineses já criavam coelhos, segundo revelam documentos dos
séculos XVIII e
XIX. Na
China, simbolizando a
fecundidade, em 1 600
templos, eram sacrificados mais de 30 000 coelhos, na
primavera, para pedir aos deuses que a
terra fosse fecunda como esses animais e no
outono, em agradecimento pelo que a terra havia produzido.
[5]Atualmente, os coelhos se encontram espalhados por todos os
continentes. A grande capacidade que tem de se reproduzirem, isto é, a sua prolificidade, reconhecida desde a
antiguidade, é a sua principal característica, sendo mesmo a qualidade que os torna um dos animais domésticos cuja criação poderá atingir um desenvolvimento incaculável, produzindo em pouco tempo, grandes quantidades de
alimentos, abrigos e bons lucros aos criadores. Os coelhos, como já o mencionamos, têm sua origem na
Europa.
[5]Levados para a
Austrália, não encontrando aí inimigos naturais e sim boas condições de
clima e alimentação variada e abundante, multiplicaram-se tanto e tão rapidamente que se tornaram uma terrível praga, um problema de
calamidade pública até agora insolúvel, pois causam grandes prejuízos àquele país, devastando suas
pastagens e
plantações. Hoje em dia, é, calculado em 500 milhões o número de coelhos existentes nesse país.
[6]A tal ponto chegou a situação que, para o país não ser todo invadido pela
praga dos coelhos, foi construída uma cerca de tela de arame de 2 metros de altura e com 2 240 km de extensão, dividindo o país em duas partes, uma das quais dominada por esses pequenos animais. Todos os métodos de combate e extermínio contra essa qualidade dos coelhos já foram tentados mas sem resultados satisfatórios. Devido a sua prolificidade, se tornou uma praga na Austrália. O mesmo já está começando a ocorrer no
sul da
Argentina e do
Chile.
[6][editar]Características
Anatomia interna de um coelho.
Os
olhos do coelho ficam nos lados da
cabeça. Em conseqüência, o
animal pode ver
objetos situados atrás dele ou dos lados melhor do que se estiverem à sua frente. Os coelhos podem mover as longas
orelhas de uma vez ou separadamente, para captar
sons, ainda que fracos, vindos de qualquer direção. Os coelhos também dependem de seu
olfato aguçado para alertá-los do perigo. O coelho parece movimentar o
nariz ininterruptamente.
[editar]Diferenças das lebres
Como se viu pela
classificação zoológica, coelhos e
lebres são animais bastante semelhantes entre si. Essa semelhança não restinge apenas à escala classificatória, mas se estende também ao aspecto
fenotípico, ou de aparência e conformação anterior. A semelhança entre o coelho e lebre é tão grande que mesmo os especialistas podem confundi-los, tomando um pelo outro, fato que se verifica com a chamada
lebre-belga, que se trata de um coelho, ou com o chamado
coelho-americano (
jack-rabbit), na realidade uma lebre. Todavia, apesar da grande semelhança entre essas
espécies, é possível distinguir uma da outra através das características próprias de cada uma,
[7] como se pode ver na tabela abaixo.
Coelhos | Lebres |
Vivem nos campos | Vivem nos campos e bosques |
Vivem em colônias | Vivem aos casais |
Fazem galerias subterrâneas | Vivem em campo aberto |
Em caso de perigo, entram nas galerias | Em caso de perigo, fogem em alta velocidade |
São mais velozes que as lebres, mas se cansam logo | Mantêm a mesma velocidade durante a corrida, parecendo não se cansarem |
Em caso de perigo, dão um tapa no chão com a pata traseira, para avisar seus companheiros | Não batem no solo |
Dão crias em um ninho subterrâneo | Dão crias em ninho preparado sobre a superfície do solo |
Peso do macho adulto — 2 a 3 quilos e só em raças aperfeiçoadas, vai a 6, 7 ou mais quilos | No campo, atinge 5 a 6 quilos |
Comprimento do corpo — 40 a 45 cm | 60 a 70 cm |
Comprimento da cabeça — 8 cm | 12 cm |
Comprimento da cauda — 6 cm | 9 a 10 cm |
Comprimento das orelhas — 8 cm | 12 a 14 cm |
Orelha mais curta do que a cabeça | Orelha mais comprida do que a cabeça |
Corpo curto e maciço | Corpo alongado |
Coloração selvagem, com predominância de pelos cinzas | Cor selvagem, com predominância de pelos avermelhados |
Subpelo azulado | Subpelo branco |
Ponta das orelhas orladas de preto | Ponta das orelhas com grandes estrias pretas |
Pelos acamados e suaves ao tato | Pelos um pouco levantados e um pouco ásperos |
Cerdas com 2 a 3 cm de comprimento e o velo mais curto do que a lebre | Cerdas de 6 a 7 cm e o velo mais comprido que o dos coelhos |
Carne branca | Carne vermelha |
Osso zigomático comprido e largo | Osso zigomático curto e estreito |
Osso interparietal bem distinto dos parietais | Osso interparietal bem unido aos parietais |
Úmero mais comprido que o rádio | Úmero mais curto que o rádio |
Cúbito forte, mais grosso que o rádio | Cúbito mais comprido e fraco que o rádio |
Falanges dos dedos terminais soldados em "canaletas" | falanges sem "canaletas" |
Íris morena escura | íris amarela escura |
3 a 6 placas de Peyer no intestino delgado | 8 a 10 placas de Peyer no intestino delgado |
Gestação — 30 a 31 dias | Gestação de 40 dias |
Láparos nascem pelados e com os olhos fechados | Filhotes nascem com pelos e olhos abertos |
O número de láparos varia de 1 a 18 | Em geral dá 1 a 4 e raramente maior número de filhotes |
Os láparos ficam no ninho | Os filhotes nascem no ninho |
Os láparos dependem da mãe no mínimo durante 1 mês | Os láparos dependem da mãe por menos tempo |
[editar]Distribuição geográfica e habitat
[editar]Coelho europeu
Extremamente prolífica, a
fêmea do
coelho-europeu pode parir desde a
idade de
seis meses. O período de
gestação dura pouco menos de seis
semanas e em cada uma das quatro e seis
ninhadas anuais nascem de quatro a oito
filhotes, cegos e sem
pelagem. Doze horas depois de nascidos os filhos, a fêmea já se acha pronta para o novo acasalamento, mas em 60% das gestações os embriões são reabsorvidos pela
mãe, especialmente quando há excessiva aglomeração ou quando são precárias as condições de
alimentação ou do ambiente em geral.
Sua
carne é saborosa, e a
pele, apreciada, mas muitos consideram difícil saber se esses aspectos compensam os prejuízos frequentemente causados pela espécie à
agricultura. Do
coelho-europeu selvagem provêm todos os tipos de coelho doméstico, criado para corte em muitos
países, e a chamada "lebre belga".
[editar]Coelhos das Américas
Tapiti (
Sylvilagus brasiliensis).
O tapiti é o
Sylvilagus minensis, também conhecido por candimba ou, impropriamente, por
lebre. Atinge cerca de 35 cm de comprimento e tem a
pele amarelo parda, levemente chamalotada com pêlos negros. Vive nos
campos sujos, nas roças abandonadas e às margens das
matas, onde porém não costuma entrar. Passa o dia em
touceiras, de onde sai à
noite à procura de
vegetais tenros. Não escava galerias. Pode invadir plantações sem causar danos apreciáveis, uma vez que não é muito prolífico.
Outros representantes da
família dos
leporídeos são espécies
americanas como o
Brachylagus idahoensis (pigmeu do Idaho), com pouco mais de trinta centímetros, e o raro pigmeu mexicano (
Romerolagus nelsoni), um pouco maior. A ausência de cauda torna essa última espécie mais parecida com os componentes da família dos octonídeos, os lágomis e assemelhados.
[editar]Comportamento
O coelho é um animal de comportamento dócil, manso e carinhoso. Ele conquistou a afetividade das
crianças e dos
adultos, em especial das
mães. O
homem é o maior inimigo dos coelhos. Durante um
ano, os
caçadores matam milhões de coelhos por
esporte.
Agricultores também matam coelhos para proteger as
colheitas. Outros inimigos dos coelhos são os
coiotes,
raposas,
bisões e
fuinhas.
Gaviões,
corujas e algumas outras
aves caçam coelhos para servir-lhes de
alimento. Muitos
caninos e
felinos também caçam coelhos. Os coelhos geralmente tentam fugir do
inimigo. Se um coelho está em
campo aberto, pode ficar quieto e esperar até que o inimigo vá embora. Se o inimigo chega demasiado perto, o coelho corre rapidamente para salvar-se. Um coelho assustado pode dar saltos de 3m ou mais, e decorrer a 100 km/h. O coelho tenta confundir o inimigo correndo em
ziguezague. Às vezes dá algumas voltas seguindo sua própria
trilha, para, a seguir, saltar em outra direção. Enfim, pode meter-se numa
toca ou num monte de
galhos para esconder-se.
[editar]Hábitos alimentares e/ou Dieta
A maior parte dos coelhos come e mostra-se ativa do
anoitecer ao
amanhecer, e passa o dia
descansando e
dormindo. O coelho come muitas espécies de
plantas. Na
primavera e no
verão, seu alimento são
folhas verdes incluindo
trevos,
capins e outras
ervas. No
inverno, come
galhinhos,
cascas e
frutos de
arbustos e
árvores. Os coelhos às vezes causam prejuízo à
lavoura porque mordiscam os
brotos tenros de
feijão,
alface,
ervilha e outras
plantas. Também danificam
árvores frutíferas porque roem sua
casca. É ressaltar que os coelhos têm a
cenoura como a base de sua alimentação. Não devem, em hipótese alguma, comer
alface, pois esse vegetal pode causar
diarreia.
[editar]Doenças
Filhotes de coelho doméstico engatinham 1 hora após o nascimento.
[editar]Classificação
Durante muito tempo, o coelho foi classificado como pertencente à ordem dos
roedores, pelo fato de possuir o hábito de roer. Entretanto, por todas as características dessa espécie, ele é hoje enquadrado na ordem dos
lagomorfos. Eis a sua
classificação taxonômica:
[9]A ordem dos
lagomorfos exibe algumas exibe algumas características que a diferenciam da referentes aos
roedores, entre as quais são as seguintes:
[9]- os animais da ordem dos lagomorfos possuem os membros anteriores bem menores que os roedores, fato que não se verifica entre os pertencentes à ordem dos roedores;[9]
- os lagomorfos têm orelhas grandes, ao contrário dos roedores que as possuem pequenas;[9]
- a principal distinção, no entanto, está em que os lagomorfos são dotados de quatro dentes na arcada dentária superior, contra apenas dois na ordem dos roedores.[9]
Os dois
dentes a mais dos lagomorfos são pequenos e se localizam atrás dos dois dentes principais ou funcionais. Por isso, para se notar esses dois pequenos dentes excedentes dos lagomorfos é necessário observar a arcada dentária lateralmente, e não frontalmente.
[9]